sexta-feira, 17 de abril de 2009

Fresno no Divã



Em uma tarde de muuuito calor, nos encontramos com a Fesno para uma entrevista tudo de bom. Os caras foram supersimpáticos e responderam as nossas perguntas com o maior bom humor do mundo. Rolou muita risada e zoação. Quer saber um segredinho? Eles não param de tirar sarro um do outro e nem de cantar. Não é preciso de muito tempo para perceber que os garotos são apaixonados pelo que fazem! E foi nesse clima de descontração que passamos mais de seis horas com os músicos. Antes de morrer de inveja, que tal conferir nosso bate-papo com a banda e se tornar uma expert sobre o universo dos garotos? Melhor é impossível!tt: Meninos não choram? Lucas: “Menino não, homem chora”. Bell: “Eu chorei ontem, foi uma coisa besta, tava conversando com o Tavares e, quando vi, chorei...” Lucas: “Mas, geralmente tu tava brigando com a tua mina... Hoje pra mim tá rolando bastante isso.” Tavares: “Tem coisas que emocionam e acho que tu não pode prender, não tem que ter vergonha. Mas, na adolescência, é normal chorar escondido.” Lucas: “Quando eu era adolescente, eu fiquei uns aninhos sem chorar.” Tavares: “Até porque tu impõe isso na tua vida. ‘Cara não chora, não vou chorar por causa disso’ e acaba ficando bloqueado.”
tt: E essa história de que garotos têm medo de compromisso? É verdade?
Lucas: “Acho que as pessoas em geral têm medo de compromisso.” Tavares: “Posso dizer que isso é uma grande mentira do Brasil e do mundo. Se tu quer, quer; se não quer, não quer! Não tem essa de medo de compromisso.” Lucas: “É, na verdade o medo de compromisso é muito usado como desculpa quando o cara não quer. Porque obviamente se ele é apaixonado pela mina, ele quer estar junto.” Bell: “Eu vou mais longe. Tu não escolhe, na hora que tu vê, tu tá namorando e tu tá perdido. (risos)” tt: Garotos têm preguiça de terminar um namoro? Lucas: “O menino tem preguiça de terminar o namoro, sim, porque estar em um relacionamento é cômodo pra ele.” Vavo: “Daí, ele fica provocando a mina pra ela terminar.” Lucas: “Às vezes, o cara quer muito o fim, mas a mina não quer, aí o namoro começa a virar um problema na vida dele, porque ele vê a garota se esforçando tanto e o que ele mais queria é que a mina não se importasse com ele.” Bell: “As gurias conseguem ser mais frias, tipo acabou e acabou, os caras têm muitas recaídas.” Lucas: “Dificilmente a menina vem com aquele papo de ‘o problema sou eu’. O cara é muito ruim pra acabar. A garota, quase sempre acaba quando já esta apaixonada por outro. E o cara, às vezes, acaba porque não quer namorar ninguém por um tempo.”


Vem aí!
Não podíamos deixar de perguntar para os garotos quando teríamos novidades pintando por aqui. Eis que a resposta veio rápida: “Agora”! Já temos mais músicas do que precisamos para o novo disco”, contou Tavares. Segundo Lucas, o quarto CD da banda deve ter mais composições dele e do Tavares. “Além disso, eu, particularmente, gostaria de voltar com a sonoridade do Ciano. Com a entrada do Bell, rolou uma vontade de tocar um som mais pesado, diferente das composições do Redenção, que eram mais simples”, conta o vocalista. “O grande lance é conseguirmos nos renovar sempre. Queremos voltar à sonoridade do Ciano, mas não fazer o mesmo álbum novamente”, completa Tavares. E participações especiais, hein? “Não queremos fazer parcerias pra ajudar ninguém. Queremos tocar com artistas que sejam bons”, afirma o baixista. Se tudo correr bem, a Fresno deve entrar em estúdio esse semestre e até o fim de 2009, teremos um álbum novo! Bom demais!
tt: É verdade que meninos não gostam de garotas que tomam a atitude?
Lucas: “Isso é um absurdo e quem fala isso é o carinha de 14 anos que acha que guria que toma a atitude não presta. Só que, quando o cara faz 20 anos, ele percebe que isso é muito legal.” Bell: “Mas tem meninas que pensam isso mesmo. Então, gurias do Brasil, isso é mentira, isso é um absurdo!” Tavares: “Mas, na adolescência, uma menina que chega na balada e toma a atitude pode ser mal interpretada por um idiota de 15 anos. E é por isso que as meninas gostam de caras mais velhos...” tt: Garotos amam e, mesmo assim, traem? Lucas: “Vou dizer que essa é uma visão muito machista: achar que só o cara sente desejo de trair (aplausos de todos). Só que existe uma permissividade que a sociedade impõe. Se a guria desejar um cara que ela viu, ela não presta, enquanto para o cara é normal.” Tavares: “Você pode ter três certezas nessa vida: tu vai morrer, tu vai ter um carro popular, tu vai ser traído. Só me falta morrer. Eu já tive três carros populares! (risos) Então, não adianta tu pirar muito. Depende bastante do caráter do cara. As garotas também traem, só que elas ficam quietas. Eu já fui tão infiel quanto peguei gurias infiéis.” Bell: “Mas, quando o cara está apaixonado, ele não trai porque ele não tem nem vontade de trair. Agora, quando passou a paixão, ele fica acomodado... Mas eu acredito que tem cara que envelhece, passa a paixão e continua sendo fiel.” Tavares: “Eu também.” Vavo: “Até por respeito.”


tt: Meninos também adoram uma fofoca?
Lucas: “Fofoca é muito legal. As garotas podem ter inventado, mas o cara faz fofoca muito melhor do que as meninas.” Bell: “Quando um cara chega na van e diz ‘fofoca nova’, todo mundo respeita.” Lucas: “Nesse universo em que a gente vive, rolam fofocas muito boas, que eu levo para os meus amigos que não são da música, e conto exageradamente...” Vavo: “Por isso é que existe o fator de conversão. Por exemplo, o fator do Lucas é 0.6, então, tudo o que ele contar eu multiplico por 0.6, porque eu sei que ele aumenta as histórias. E tem gente que o fator é 10! ”
tt: Mesmo sem ter curtido a ficada, o cara pede o telefone só por educação? Lucas, Tavares, Vavo: “Não!” Bell: “Eu já pedi várias vezes pra mina não se sentir mal.” Vavo: “Mas hoje existem outros meios modernos, tipo MSN e Orkut.” Bell: “MSN não dá! Foi o pior fora que eu já levei, tipo cheguei numa guria e ‘ah, me dá seu telefone.’ E ela, ‘anota meu MSN’. (risos)” Tavares: “Mas o MSN é a grande arma dos envergonhados. Se eu tiver que ligar pra uma mina no dia seguinte, entro em pânico, ela pode pensar ‘por que esse mala tá me ligando?’. Do mesmo jeito que a gente rejeita, a gente tem medo de ser rejeitado.”



tt: É verdade que os meninos precisam de um tempo só para os amigos?
Todos: “Clarooo!” Lucas: “Seres humanos precisam! E, se a mina não precisa de um tempo para os amigos, é porque ela tem problemas muito sérios de relacionamento.” Tavares: “Tu não vive pra garota, tu vive pra ti. E ela tem que viver pra ela.” Vavo: “Uma mina que vive na sombra de um cara não rola.”

Confita trechos extras da entrevista, que não entraram na revista!tt: Como é para uma banda que começou no underground, estar hoje no top das paradas de sucesso, incluindo a trilha de Malhação? Tavares: “A Fresno evoluiu como gente, como música. E a gente sempre falou, e vai morrer falando isso, que a nossa fama foi uma coisa que veio gradativamente, a gente não acordou hoje e 'ah, estamos famosos!'” Vavo: “Acho que se teve uma banda que cresceu assim mais constante foi a gente, porque foi muito assim, um passo de cada vez, sabe?” Tavares: “A diferença do primeiro cara que te parou e te pediu autografo dos 25 que vêm hoje foi muito pequena, porque a gente se acostumou: veio um, depois dois, depois três... Então, a gente enfrenta de encontrar alguém de 60 anos que nunca ouviu falar na Fresno 'você toca na Fresno? O que é Fresno?'” Vavo: “O cara que vence o Big Brother aparece como um cara tão famoso da noite pro dia e de repente, não sabe nem como lidar com isso tudo. Acho que é bem oposto da gente.” Tavares: “É, mas a gente ainda não tá rico. A gente pensava que logo que você começa a ter uma exposição o
dinheiro entra e não é assim. A gente já estava fazendo shows pra cinco mil pessoas, mas a grana não chegava.” Vavo: “Antes, uma banda que tivesse a nossa fama podia estar morando em mansões e não é o que acontece hoje.” Tavares: “E nós só agora é que temos dinheiro pra morar sozinhos, antes dividíamos um república.” tt: Mas o fato de vocês terem morado juntos por um bom tempo fez bem para a banda, não? Lucas: “A gente sabe conviver muito bem.” Tavares: “Eu já cheguei morando com eles, né? Mas eu acho que morar junto foi muito bom pra gente mesmo. Aprendemos a nos respeitar e a conhecer o limite do outro.” Vavo: “Você conhece o outro e sabe até onde pode ir, conhece os limites mesmo.” Lucas: “Nos primeiros seis, sete anos da Fresno e a gente estava em Porto Alegre, cada um morava na sua casa, a gente ensaiava e tocava nos finais de semana. Era uma vida diferente, não era uma vida de banda, não tinha muito essa convivência. A partir do momento que a gente veio pra São Paulo (vai fazer três anos agora) foi que começou a rolar essa convivência de todo mundo junto. Aí que eu considero o início dessa história de banda, quando a gente começou a ficar conhecido. Chegamos aqui como uma banda independente e conseguimos um reconhecimento muito grande. As pessoas podem entender mal, mas eu sempre quis ser famoso por uma coisa que eu faço. Acho que a fama é um reconhecimento pelo que eu faço.” tt: E pra Porto Alegre, pra casa de vocês, dá pra voltar com freqüência? Lucas: “Só nas férias.” Vavo: “Nos 28 dias de fevereiro, 20 eu passei lá.” Lucas: “Porque no Carnaval a gente não toca, o rock pára.” Tavares: “É, mas chegar em uma quarta-feira e resolver ir pra lá não rola mais.” Bell: “É difícil termos dois dias seguidos livres...” tt: Vocês estão trabalhando um álbum que está bombando. Quando vocês pretendem entrar em estúdio para gravar um novo CD? Lucas: “Agora! Já temos muita coisa pronta.” Tavares: “Eu tava dando calculada em casa e já temos mais músicas do que precisamos. A gente é uma banda que tá sempre com coisa nova. Nunca foi uma obrigação pra Fresno gravar CD. Quando o Redenção estava pronto a gente já estava tinha músicas novas.” Lucas: “Quando a gente termina um CD, já estamos pensando no conceito do outro. Eu tenho feito muitas músicas com o Tavares. No Redenção eram umas quatro ou cinco, agora são quase todas. Quero muito voltar com a sonoridade do terceiro disco. Com a entrada do Bell rolou um peso maior, uma vontade de tocar músicas mais pesadas que o Redenção não tinha, elas são mais simples. Agora a gente tá fazendo música pra acabar com a vida do Bell, queremos fazer um disco mais porrada, acho que os fãs esperam isso da gente. Rolou muito uma 'banda-de-pop-rock-Fresno', isso me dá nos nervos. O rock é um ritmo pop desde os anos 80 só que a gente quer fazer um disco que mostre coisas diferentes que a gente faz, que no show está sempre presente... Tavares: “O lance é estar se renovando sempre, a gente quer voltar pra sonoridade do Ciano, mas a gente não quer fazer o Ciano novamente.” tt: E vocês querem fazer alguma parceria? Tavares: “A gente queria fazer com o Keane, só que não rolou. Acho que se você fizer uma parceria, tem que ser com alguém de que você goste muito. Não quero fazer parceria pra ajudar ninguém. Quero fazer com alguém bom, de quem eu goste.” tt: Cada um de vocês poderia indicar uma banda para nossas leitoras? Lucas: “A Banda Publica, lá de Porto Alegre que é muito boa, eu gosto muito. São amigos meus também e eu gostaria muito que eles fossem mais conhecidos.” Tavares: “Eu vou bater na mesma tecla de sempre: tem uma banda chamada Copeland (www.myspace.com/copeland) , que lançou um disco que se chama You Are My Sunshine. É fantástico, transcende os limites da música boa.” Bell: “Vou indicar nossos amigos da Do you like, uma banda excelente que também é lá de Porto Alegre. É uma banda fantástica. Eles estão a fim de vir pra São Paulo também, o som deles não está tão restrito a Porto Alegre, eles estão começando a aparecer por aqui.” Vavo: “Eu indico uma banda de Pernambuco, chamada Terceira Edição. Eles vieram pra São Paulo faz um ano e pouco. A banda dos cara é boa.” Tavares: “Outra importante é os Beatles. A galera de 15 anos não conhece quem são os Beatles. Você fala e eles pensam 'ah aqueles caras engraçados'. Não eles não são engraçados! Eles são a melhor banda do mundo!” tt: Vocês pretendem, algum dia, gravar um CD em inglês? Lucas: “Cara, se uma gravadora gringa quissesse um CD em inglês, no dia seguinte tava pronto! Seria um prazer, como seria um prazer gravar em espanhol também.”

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